Faleceu, dia 11 de Junho de 2025, de doença prolongada, José Gabriel Mariano.
Foi aluno do primeiro Curso de Direito de Macau, iniciado em 1988 na então Universidade da Ásia Oriental, posteriormente Faculdade de Direito da Universidade de Macau.
Obteve a melhor nota, do seu ano, no exame da disciplina de Teoria Geral do Direito Civil. Disciplina lecionada pelo professor Arménio Ferreira, que foi docente entre 1988 e 1990.
Enquanto aluno do 3.º ano do Curso, escreveu artigos relevantes como «O Tribunal Privativo dos Chinas de Macau» e «A Procuratura dos Negócios Sínicos (1583-1894)». Artigos bastante citados, por exemplo, ver António Hespanha «O Direito e a Justiça num Contexto de Pluralismo Cultural», Revista Administração, n.º 23, vol. VII, 1994.
Tinha uma escrita límpida e bem estruturada.
Foi funcionário do Instituto Cultural de Macau e após concluir a licenciatura em Direito exerceu advocacia. Nunca quis, por convicção, exercer, simultaneamente, notariado privado.
Gostava de música, tocava guitarra e compunha, tendo participado em bandas que actuavam no Clube de Jazz de Macau. Nos últimos tempos dedicou-se a tocar violino.
Lançou um disco, em 1993, intitulado «Sdajad : Música para o Corpo», com produção de Rui Carvalho.
Escreveu muitos poemas, assinando como Raphael d´Andrade.
Viveu em Macau entre Dezembro de 1987 e Março de 2008. Regressou a Portugal e exerceu funções de natureza técnico-jurídica na Direção-Geral do Consumidor do Ministério da Economia e do Emprego.
O pai de José Gabriel Mariano, José Gabriel Mariano Lopes da Silva, foi juiz e escritor. Natural de Cabo Verde, é autor de livros de poesia e prosa, publicou, por exemplo, o livro de contos «Vida e Morte de João Cabafume». Esta obra ganhou o Prémio de Literatura Africana de Expressão Portuguesa, do Instituto Marquês de Valle Flôr. O autor, teve a sua obra premiada entre 25 admitidas a concurso. «O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo», do cabo-verdiano Germano de Almeida, e «A Conjura», do angolano José Eduardo Angualusa receberam menções honrosas «revelação». Na poesia escreveu o poema «Capitão Ambrósio». O governo de Salazar deportou-o, em 1965, devido à sua actividade cultural, para a Ilha de Moçambique.
A Direção-Geral do Consumidor emitiu uma nota de pesar pelo falecimento de José Gabriel Mariano, recordando com «estima o seu percurso pessoal e profissional, marcado por uma forte dedicação ao serviço público».
O velório de José Gabriel Mariano, que faleceu com 61 anos de idade, decorre no dia 12 pelas 18 horas, na igreja de Benfica. A missa de corpo presente será dia 13 de Junho às 9 horas, com saída da igreja às 9:30 para o crematório de Carnide.
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