Na «Tribuna» de 30/6 na secção «Lido & Relido»: «A publicação do artigo “Secretário-adjunto para a Segurança Nomeação e posse que legitimidade?” em “O Direito”, folha publicada pelos alunos do Curso, de Direito da Universidade da Ásia Oriental, causou alguma polémica no Território (…)
Alunos e o próprio professor, criticaram algumas pessoas que “começaram a ver fantasmas onde apenas existia uma mera preocupação académica” (…).
(…) o artigo em questão pareceu um bom exercício escolar para os elementos do Curso de Direito, por muito que as premissas fossem forçadas, nomeadamente quanto à suposta ilegalidade da nomeação e tomada de posse de um secretário-adjunto.
Mas os intervenientes na feitura de “O Direito” parecem necessitar de delimitar as fronteiras da sua intervenção académica e, de uma vez por todas, fixarem-se nelas, para que não haja mais necessidade de “a posteriori” andarem com explicações».
Um conselho agradece-se e recebe-se sempre. Assim «O Direito» foi à fonte e na «Tribuna» seguinte de 7/7 deparou com o título de 1.ª página: «Figuras públicas de Macau apostam na vitória alemã» com as páginas 2.ª e 3.ª preenchidas com os prognósticos públicos sobre a final do campeonato do mundo de futebol. Não desanimamos e aconselhamo-nos na edição de 21 de Julho com título de 1.ª página: «Só Deus poderia valer no caso de um sismo em Macau!» com as páginas 2.ª, 3.ª, 4.ª e 5.ª preenchidas com o hipotético sismo que dias antes acontecera nas Filipinas.
Bom entre o que podia ser e o que poderá vir a ser, não seria melhor saber o que é?!
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No Comércio de 16/6 sob o título «Carneiradas»: «( … ) Ora, nestas coisas há sempre um fundo de verdade. (…) realmente Melancia, depois de ter falado com o ministro, levou este a aceitar que fossem retiradas do discurso algumas referências menos felizes (…) Além disso, foram eliminadas três frases, emendada uma outra e suprimido o conceito relativo aos “Direitos Humanos” referido pelo autor. (…) Pois bem tudo teria passado completamente despercebido se no território, não estivesse um jornalista, ainda por cima convidado pelo próprio Melancia, que, ao que se diz nos mentideros, quis mostrar serviço…(…) Melancia, dizem, de tão furioso, já não pode ver carneiros à sua frente, por muito jacintos que sejam. Mas há quem diga que a culpa é exclusivamente sua, pois nisto de jornalistas andará muito mal aconselhado e não sabe ainda quem é quem na comunicação social. E também ninguém lhe contou as razões que levaram Mário Soares a desfazer-se de um jornalista assessor sem fazer barulho».
Na «Tribuna» de 30/6 sob o título «Calores de Verão»: «Na boa tradição portuguesa não há, em Macau, estudos sobre os comportamentos colectivos da comunidade. (…) Não há dados concretos, também sobre o Poder em Macau, quem o detém ou quem efectivamente o exerce, como, e quando, e onde, quais as verdadeiras sedes do Poder, ou vários poderes no Território. (…) Não há quem me tire da cabeça, na realidade, que deve haver uma explicação para que, em quase todos os inícios de Verão, se origine uma “crise governativa” (…) A humidade assalta os cérebros, perde-se o bom-senso e os disparates sucedem-se, escondendo algum fogo que possa estar por detrás de tanta fumarada.
O primeiro disparate é tentar associar dois incidentes que não têm nada de comum: os “cortes” no discurso do ministro Dias Loureiro, e o pedido de demissão do secretário-adjunto Magalhães e Silva.
Quanto ao primeiro incidente temos de reconhecer que não é caso virgem. (…) O único fato novo neste caso é ele ter vindo a lume, tão rapidamente (dada a circunstância de um jornalista português integrar a comitiva de regresso do Governador, o que é certamente, um bom motivo de reflexão para o eng. Carlos Melancia e sua equipa) e o aproveitamento político partidário que imediatamente despoletou.
O cenário estava montado».
No fundo se não tivesse vindo o jornalista Carneiro Jacinto de Portugal não havia notícia! E pelos vistos, aliás «lidos», não havia notícia nem devia haver. Como o Conselho Consultivo do senhor Governador ainda tem duas vagas para preencher, aproveite os conselhos.
Texto publicado na edição de “O Direito” de Agosto de 1990